Mundo da Escrita,  vida de escritora

Não nasci querendo ser escritora

Eu gostaria de dizer que a literatura sempre foi a minha grande paixão e que nasci querendo ser escritora, mas isso seria uma mentira. Na verdade, foi no começo de 2015 que pensei em escrever profissionalmente pela primeira vez. Antes disso, meu universo fantástico sempre ficou restrito ao meu mundo interior. E a ideia de compartilhar ele com outras pessoas era inadmissível, jamais seria capaz de tamanha ousadia.

Mas, naquele ano, numa dessas sincronicidades malucas da vida, tive certeza de que as minhas histórias deveriam ser contadas e apresentadas para o mundo. Ou pelo menos escritas e guardadas para a posteridade. De qualquer jeito, o fato é que era preciso romper com o contrato de exclusividade que mantive com elas ao longo da minha vida. E a partir do momento em que comecei a escrever as primeiras linhas de uma dessas histórias que habitam minha mente, algo dentro de mim acendeu e nunca mais apagou – mesmo quando as dúvidas surgiram e a vergonha de expor minha imaginação apareceu.

Sempre fui apaixonada por livros, mas não era fã de leitura. Tinha preguiça e achava um saco. Isso porque, durante anos, os únicos livros disponíveis para mim eram aqueles obrigatórios na escola. E com todo o respeito aos grandes nomes da literatura clássica brasileira, eu odiava aqueles livros. Achava que poderia morrer de tédio a qualquer momento enquanto me obrigava a ler mais um parágrafo para fazer algum trabalho e passar de ano. Aquelas leituras me fizeram acreditar que eu não gostava de ler. Foi somente em 2001, quando encontrei os livros da série A Sétima Torre, de Garth Nix, que descobri o quanto livros são divertidos.

Lembro que li a série inteira (de seis livros) em menos de duas semanas. Depois disso, procurei por livros do mesmo gênero. Mas onde eu morava, naquela época, o acesso a esse tipo de literatura era tão inacessível que, após minha aventura com A Sétima Torre, quando Harry Potter chegou aos cinemas, eu ainda nem sabia da existência dos livros, muito menos quem era J.K. Rowling. E, é com certo constrangimento que admito, o mesmo aconteceu com O Senhor dos Anéis. Eu não morava no fim do mundo, era apenas uma cidade onde não havia espaço para a divulgação de literatura fantástica.

Então veio a era Crepúsculo no Brasil e minha paixão pelos livros voltou. Nessa mesma época, entre 2008 e 2009, Anjos da Noite (minha franquia sobre vampiros e lobisomens favorita) estava lançando o terceiro filme da série. Foi também nessa época, inspirada pela onda vampiresca, que escrevi minha primeira história, Criaturas da Noite.

Criaturas da Noite tinha tudo o que uma história de escritor amador deveria ter e, inclusive, foi divulgada na internet. Naqueles anos dourados, ainda não existia Wattpad ou similares, e Criaturas da Noite ganhou vida nas páginas de um blog. Mesmo com todos os erros grotescos de ortografia (eu nunca fui fã das aulas de português e até hoje tenho problemas com a nossa gramática) e outras falhas técnicas, Criaturas da Noite fez relativo sucesso na blogosfera. Fiquei empolgada e muito emocionada, mas ainda não tinha nascido a escritora em mim. Talvez, ela tenha sido concebida nessa época. Gosto de pensar que sim. Porém, foi só em janeiro de 2015 que “senti o primeiro chute”. E de lá para cá a minha aventura no mundo da escrita profissional começou.

No começo daquele ano, o primeiro rascunho escrito depois de Criaturas da Noite ganhou vida e foi parar na internet – de novo, sem edição e sem revisão, diretamente da minha imaginação para o mundo. Sim, fui eu mesma que cometi essa gafe. Mas foi a melhor coisa que fiz porque, com erros e tudo, a história encontrou seu público e isso acabou servindo de motivação para mim. MAS, logo depois, percebi que não era bem assim que as coisas funcionavam no mundo dos autores profissionais e retirei o rascunho do ar.

Eu queria que isso funcionasse, queria que as minhas histórias fossem lidas. Mas precisava fazer isso do jeito certo. Precisava aprender a arte de escrever. Precisava guardar meus rascunhos no fundo de uma gaveta e só apresentar eles para o mundo depois do minucioso processo de reescrita, edição e revisão.

Além da arte da escrita, eu também precisava aprender a arte da autopublicação, porque soube, desde o princípio, que a minha aventura seguiria esse caminho.

Agora, aqui estou eu, ainda aprendendo essa arte – tanto a arte de escrever quanto a arte da autopublicação -, porque a verdade é que a gente nunca para de aprender. E se alguma das minhas histórias virá a publico enquanto ainda estou viva ou não, é a grande questão da minha jornada criativa.

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