Neil Gaiman, meu pai literário
Neil Gaiman é um nome recorrente na minha vida porque considero ele meu “pai literário”. Sou apaixonada pela escrita dele e espero, um dia, dar orgulho ao meu “pai” escrevendo narrativas tão encantadoras quanto ele.
Neil Gaiman, como ele mesmo já disse, não é um escritor… é um contador de histórias. E é exatamente isso que eu quero ser quando crescer: eu quero ser uma contadora de histórias.
A escrita do Gaiman me encanta porque escrevo de maneira semelhante. Me encanta porque gosto da ideia de transformar o narrador em um personagem – que pode ou não fazer parte do enredo, mas que ainda assim é um personagem ativo. Me encanta porque faz eu me sentir parte da história em vez de me colocar no lugar do leitor passivo. Quando leio histórias em que o narrador está “presente”, tenho a sensação que estou ouvindo a história, não, lendo. Isso torna mais fácil para mim a conexão com os personagens e com o enredo.
Eu quero causar o mesmo sentimento nos leitores. Quando você pegar um livro meu para ler, quero que se sinta parte da história; quero que se sinta transportado para a realidade apresentada nas páginas dos meus livros de tal maneira que, ao terminar a leitura, você se pergunte “e se?”.
É claro que não tenho pretensão nenhuma de escrever como Neil Gaiman. Neil Gaiman escreve como Neil Gaiman. Anne Rice escreve como Anne Rice. Alice Hoffman escreve como Alice Hoffman. E eu escrevo como eu.
Parafraseando Neil, cada pessoa possui sua própria voz. Não importa quantas vezes uma história seja repetida, cada contador de história irá narrar os acontecimentos da sua maneira e, assim, transformar a história em uma experiência completamente diferente para os leitores (ou ouvintes).
Outra característica sobre Gaiman que me fascina é a sua esquesitice. Neil Gaiman é estranho, sabe disso, não esconde de ninguém e ainda tem coragem o bastante para colocar essa peculiaridade no seu trabalho.
E foi exatamente por isso que me senti cativada por ele mesmo quando mal conhecia suas obras. Eu queria saber mais sobre aquele cara esquisitão de cabelo bagunçado e que só veste preto. Eu queria saber mais sobre aquele cara de fala tranquila e que faz pausas longas durante as entrevistas e fica com o olhar um tanto perdido apenas porque está divagando sobre o que dizer a seguir. Eu queria saber mais sobre aquele cara que não tinha medo de escrever coisas bizarras – e queria saber como ele fazia isso com tanta desenvoltura ao ponto de fazer parecer uma coisa plausível.
Neil Gaiman é quase uma caricatura das suas obras. Ou talvez suas obras sejam uma caricatura dele mesmo. A questão é que ele possui presença e não passa despercebido – seja pelo visual, seja pelo trabalho único. E isso é fonte de inspiração para mim.